13 maio, 2010

frente a frente

atravesso a ponte vasco da gama em direcção a sul. já tinha saudades deste sul. entro na autoestrada e dou por mim a pensar em ti. em ti que amei ou julguei amar há muito que deixei de saber se o amor existe acho que é como uma religião agarramo-mo-nos a essa ideia como quem se agarra a uma bóia com medo de afundarmos com medo de ficarmos sós com medo de... eu que deixei de estar só há muito tempo que me sinto tão bem na minha companhia estou aqui em casa dos meus amigos deixei-os a jogar às cartas e vim para o quarto porque já precisava de estar sozinha para te contar das viagens que fiz com o coração aos pulos sempre para sul sempre para sul convencida que valia a pena investir uma parte da minha vida contigo e afinal... afinal fiquei com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. e depois de ti depois fiz outras viagens ainda mais para sul sempre o sul o sul e o coração alvoroçado o cansaço deitado para trás das costas porque estavas lá e afinal... afinal não estavas. também não estavas. e hoje que estás aqui na mesma casa que eu tu que não estavas a sul e que passaste tantos anos da tua vida comigo e olho-te e estranho e penso que ouvi alguém dizer que o amor é alguém que ama e outro que se deixa amar. e eu deixei que me amasses e confundi tudo e às tantas pensei que era verdade mas hoje sei que não. pode ser até que o amor exista. eu ainda não me encontrei com ele assim frente a frente.

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