o que encontramos quando nos pomos a mexer em papéis velhos... sobretudo quando esses papéis não são propriamente nossos. é o que tenho feito em relação aos papéis da minha mãe e por consequência do meu pai. toda a vida o meu pai gostou de guardar coisas. tudo e mais alguma coisa ele achava que podia ter mais tarde alguma serventia. recordo que quando era miúda a minha mãe decidiu limpar uma mala de porão e achou de tudo um pouco mas sobretudo pregos enferrujados formas de sapateiro (onde as teria arranjado e para quê?) e cartas antigas de namoradas que de resto a deixaram roxa de ciúmes. quando chegou a casa o pai brincou com as estórias das namoradas mas ficou furioso porque ela tinha deitado fora os pregos enferrujados e disse logo que depois não se queixasse de ele não pregar um prego quando era preciso... coisa que ele só começou a fazer muito mais tarde. era assim o meu pai. guardava uma gabardina muito velha e recusava-se a pô-la no lixo ou sequer a dá-la... justificava-se dizendo que nunca se sabia o dia de amanhã e se fosse preciso virar pedinte já tinha a farda... era assim o meu pai e por isso tenho encontrado nos papéis da minha mãe coisas com mais de 40 anos. que me fazem voltar a ser criança.
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