deixo a bicicleta no estacionamento o mais rapidamente possível. tenho o cuidado de verificar se está bem presa e sigo em passo acelerado para o comboio. tenho dois minutos e há que passar nas portas automáticas que parecem sempre ter o sinal verde no lado errado. mesmo assim acelero o passo e apanho o comboio à tangente. quero chegar cedo ao emprego porque é quando consigo desenvolver mais trabalho. tudo em sossego nada de perguntas nada de telefones. consigo um lugar sentada e a rapariga que está sentada ao meu lado tem os pés pousados no banco frente ao meu. é algo que me irrita muito. a falta de civismo. será que as pessoas que fazem isto não pensam que também elas se sentam em sítios onde alguém já pôs os pés? adiante. uma senhora chega para se sentar e a rapariga tira os pés do banco contrariada. olho para a senhora à minha frente por cima dos óculos a tentar perceber alguma reacção. a rapariga tirou os pés do banco mas manteve a perna esticada naquele sentido. a senhora com muita calma diz-lhe não se importa de tirar o pé da minha perna? é que francamente hoje não me apetece nada. acho esta calma com um certo humor fantástica. a rapariga responde que não lhe está a tocar. a senhora repete desculpe mas se não se importa não me apetece mesmo levar com o seu pé. finalmente a rapariga coloca as pernas direitas como devia ter feito de início. são estas pequenas coisas que vão preenchendo os meus vazios entre leituras e a espera do verão. que parece estar a começar.
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