13 março, 2010

o último dia da minha vida

devia falar de outras coisas. devia. devia dizer que a maior parte das pessoas que se indigna com a corrupção das "cabeças coroadas" se deixa corromper por um prato de lentilhas e falam indignados de tudo e de mais algum coisa esquecendo-se que o que não lhes falta são telhados de vidro. gente pequenina que se acha o máximo. gente que mente a todo o momento. gente que me dá vontade de vomitar. devia. mas não falo. porque hoje é o último dia do resto da minha vida. talvez amanhã seja o primeiro quem sabe. mas sei que nada será como dantes. hoje deitei cabeça no colo da minha mãe e quase tive a certeza que não o poderei fazer de novo pelo menos como o fiz hoje sabendo ela que sou eu a sua filha mais nova que deitei a cabeça no seu colo que lhe aqueci as mãos geladas. por momentos voltámos a ser mãe e filha. ou pelo contrário fomos hoje pela primeira vez mãe e filha sem que ela trocasse as prioridades. sabendo ela que sou eu a filha e ela a mãe. hoje é o ultimo dia do resto da minha vida. e eu prendo o choro para que ela não perceba que me sinto muito infeliz. saber que muita gente já passou por isto não me consola. é a velha máxima que nunca gostei de usar mas que neste momento dentro de mim é verdadeira. com o mal dos outros posso eu bem. acontece que é a minha mãe. acontece que não vou poder estar com ela todos os dias. acontece que não vou poder cuidar dela como sempre. acontece que o facto de poder dormir com os dois olhos fechados não me consola. o último dia da minha vida. neste momento nada mais importa.

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