dia de chuva intensa já ninguém se lembra dos dias de sol até são pedro deixou de gostar de portugal provavelmente tão desgostoso quanto eu com o que me rodeia decidiu que havíamos de as pagar caro. que isto é assim mesmo um mal nunca vem só. a malta anda deprimida vou ao neurologista e só vejo gente a bater mal da tolinha. aqui por casa a situação está cada vez pior. o surrealismo aumenta dia após dia quero tratar da minha vida e não posso. as conversas mudam como nuvens pelo céu e tornam-se completamente incompreensíveis. já não sei quando sou mãe ou filha ou cunhada ou irmã ou sobrinha ou apenas alguém que está de visita. a loucura é algo que enlouquece quem convive com alguém que está à beira da demência absoluta. são os sacos cheios de coisas para viagens imaginárias. sem sair de casa passa-se quinze dias em paris outros tantos em aveiro e de caminho vai ao alentejo e conta-se pelo telefone às amigas e à família todas estas aventuras. fala-se com um filho e tanto se chama padrinho como madrinha como marido. liga-se para a polícia a dar parte do desaparecimento de um marido que morreu há mais de dez anos e de repente a polícia bate-me à porta e lá tenho que explicar que a pessoa que ligou tem alzheimer pedir desculpas agradecer a simpatia e a boa educação. no meio de tudo isto tenho sete livros para estudar até dia 10. e ela quer voltar à escola. logo se verá.
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