14 março, 2010

já não existo mais


tudo o que sinto agora é um enorme vazio. um buraco fundo como se eu não existisse porque quem me deu vida não está aqui como esteve ontem. porque ela já não está aqui para me dar colo ou para que eu lhe dê colo. agora sobra um silêncio de palavras incoerentes que me cansavam mas a que eu já estava acostumada. sabia ligar e desligar o botão. agora não. agora sobra o silêncio. e o vazio. e a minha cabeça já não é o que era ontem. quando foi o último dia da minha vida. e eu não sei como recomeçar. repito palavras que já disse. tenho medo de ter herdado a doença. tenho medo muito medo. nunca tive tanto medo na vida. estou só e assustada apesar de toas as palavras de todo o carinho dos que me falam e que me dizem não te assustes estás só muito cansada foram muitos anos sem teres tempo para ti foi muito tempo a tentares fazer passar a imagem que estavas bem. não estava. é verdade. há muitos anos que não estou bem. mas hoje estou muito pior. estou tão vazia de mim que acho que nem sobra tempo para a tristeza. só as lágrimas que teimam em cair me fazem acreditar que afinal ainda sou capaz de fazer parte deste mundo. mas não me interessa nada. hoje nada me importa. quem dera poder mergulhar num sono eterno e esquecer para sempre todas as tristezas desgostos tudo o que acabou por destruir a pouca alegria que ainda existia em mim. hoje estou só. terrivelmente só. e vazia.

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