21 fevereiro, 2010

vivo num mundo surreal de gente surreal tudo me é estranho as conversas são estranhas as atitudes são estranhas eu deixar de ser quem sou e encarnar as personagens que me são destinadas minuto após minuto tornam-me estranha a mim mesma. um dia destes olho para o espelho e não me reconheço tenho quase a certeza disso. sou tantas personagens diferentes a um só tempo que um dia destes acordo e não sei quem sou nem se hei-de sair para trabalhar ou me deixo estar em casa porque estou reformada. um dia destes acordo e não me reconheço ao espelho. serei a garota de 10 anos ou a velha de 90? quem sou eu afinal que sou toda a gente menos eu. e começo a ter saudades de me encontrar de acordar a cantar e a rir sem saber porquê sem razão alguma. aqui ao meu lado o murmúrio de uma pessoa com alzheimer não consegue distrair-me completamente disto que quero contar porque se conto passa a ser a minha verdade e assim talvez eu consiga voltar a ser eu mesma no tempo que é o meu com as minhas próprias recordações sem ser obrigada a viver na pele de personagens que nem conheci ou que conheci apenas de ouvir falar. eu quero acordar e saber quem sou. só.

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