07 janeiro, 2010

é obra

lá fora faz frio mas na carruagem de metro apinhada a rapariga não parece ter qualquer problema com o frio. munida de dois telemóveis vai contando a uma amiga que o namoro acabou enfim nada a fazer ele foi sempre sincero com ela nunca a enganou agora é preciso andar para a frente ficarem amigos nem pensar que ela não está para isso para amigos basta a outra a que está do outro lado do telemóvel e que vai ouvindo as queixas e os pedidos sabes podemos encontrar-nos amanhã eu agora estou sozinha tu também não estás assim muito bem servida porque sabes muito bem que ao mínimo problema que tiveres ele deixa-te por isso chego à conclusão que afinal nos temos uma à outra e como amanhã sais às 5 da escola podes ir dormir a minha casa pois agora estou sozinha e afinal é mesmo como te digo temos que avançar contamos uma com a outra já é alguma coisa quero dizer é mais importante. entretanto vai escrevendo mensagens no outro telemóvel e eu penso que habilidosa é esta rapariga que consegue falar com uma amiga e contar-lhe na frente de uma quantidade de estranhos parte da sua vida íntima enquanto as lágrimas lhe escorrem pela cara mas será preciso olhar para ela para as ver quase aposto que do lá da linha a outra não percebe que afinal a coisa é mais grave esta está mesmo muito magoada e precisada do seu ombro... ou do ombro da outra pessoa com quem está ao mesmo tempo a trocar mensagens. é obra.

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