a mulher vestida com uma malha a servir de calças e botas altas era bastante alta. creio que mesmo descontando os saltos altos era alta. cabelos compridos e ondulados começou por dizer que costumava tratar-se na áfrica do sul e que aqui era a primeira vez. convenci-me que era emigrante lá. depois com o decorrer da conversa contou-me que tinha ido para angola em 1971 com o primeiro marido que para ali tinha ido cumprir serviço militar. voltou a casar não sei se porque ficou viúva ou porque se divorciou. nunca faço perguntas. limito-me a ouvir o que as pessoas querem contar. voltou a angola em 1990 com o segundo marido. falou-me muito de luanda e das transformações a que assistiu. perguntou-me se eu tinha saudades disse-lhe que tinha saudades como quase toda a gente da minha infância e adolescência. foi em luanda que vivi os primeiros anos da minha vida. mas numa luanda que já não existe. uma cidade que se voltar a visitar será como se estivesse num país diferente apenas com as mesmas pessoas e um caos imenso. confirmou o caos e a doçura das pessoas. disse que luanda hoje é uma cidade branca quero dizer de brancos portugueses e não só. que a ilha do mussulo como existiu nunca mais. está cheio de turistas e o sossego acabou. com alguma amargura só falou do marido que a trocou por uma nativa e que agora se sente completamente perdida. vidas.
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