começo o dia bem cedo. para falar verdade ainda não ainda amanheceu e já eu estou na rua. acelero. acelero sempre. mais e mais. preciso acelerar. hoje foi assim. será assim nos próximos dias. não adianta dizeres-me para desacelerar. não há pílula que me pare quando eu estou com a corda toda. à hora do almoço surpreendo-me com o facto de I me dizer que vai almoçar comigo. éramos três passamos a quatro. por mim tudo bem mas havia no ar uma certa dose de desconforto. I provocava A que se limitava a defender-se afirmando que não lhe apetecia voltar a tocar no assunto. percebo. estou convencida que mais dois ou três almoços assim e a coisa melhora bastante. afinal I não tem culpa de nada e A tem sempre a tendência de se vitimizar e ver fantasmas onde não os há. nunca houve. eu percebo que ela se sinta desconfortável diante de I mas não pude fazer nada. afinal gosto das duas e não podia negar a I almoçar connosco. bem sei que ela detesta almoçar sozinha e agora que perdeu a companhia para o almoço vai levar o seu tempo a habituar-se. há-de conseguir. todos conseguimos. há-de aprender a estar a sós. um dia atrás do outro. é assim que se leva a vida. sem fazer dramas. agora acelero. acelero para ir à minha vida. quando puder fico pasmada frente ao mar.
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