finalmente que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar? finalmente antónio. que sempre é a minha salvação nesta altura do ano quando o outono avança rapidamente em direcção ao inverno eu agarro-me às palavras impressas nos livros de antónio. um dia destes entrei numa livraria para comprar um presente para a filha de pepe e comprei outro para mim. afinal também sou gente. quando viu o que tinha comprado para mim perguntou-me com o seu ar incrédulo tu ainda lês o maluco. leio minha querida. leio o maluco como lhe chamas. eu adoro o maluco. não vejo maneira de parar de ler o maluco. porque ele sabe exactamente as palavras o ritmo as repetições a poesia. e estou pois como quero com um livro de antónio. já tenho outros na calha mas é o antónio que me desperta no outono. sempre o antónio. o maluco. o génio. o homem bom. aquele de quem o irmão joão faz um belíssimo elogio no eco silencioso que também é poesia se bem que camuflada de ciência de medicina de cirurgia dos males da cabeça e da idade que não perdoa. mas podemos nós perdoar a idade. é só uma questão de paciência. a idade precisa de ser perdoada quando as cabeças se avariam como velhos motores ou baterias completamente gastas. uma vez disseram-me que a bateria do meu carro tinha sofrido de morte súbita e eu fiquei cheia de pena. da bateria e do carro que tinha dentro dele aquela coisa morta assim de repente sem mais nem menos. e enquanto escrevo penso que a minha sorte é não teres internet tu que nasceste no alentejo mais do que profundo e toda a vida tiveste como quintal o estádio da luz. se me pudesses ler por aqui mandavas-me a mim e ao antónio para o manicómio. e eu aproveitaria para aprender a escrever.
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