mesmo num dia feio como o de hoje ou sobretudo num dia feio como o de hoje é preciso viver cada hora cada minuto cada segundo. aproveitar o instante porque a seguir ter-se-á perdido. ainda bem que aproveitei todos os sorrisos do rapaz que viajava comigo. porque deixou de aparecer. provavelmente mudou de horários ou de escola ou de trabalho. não sei nada dele. nunca soube. e mesmo assim ele fazia-me feliz só com seu sorriso e com o seu bom dia. esse bom dia que por cá não é costume darmos uns aos outros. às vezes até mesmo a pessoas que conhecemos. quantas colegas de trabalho encontro fora do local de trabalho que passam por mim como se não me conhecessem. em tantos anos que uso transportes públicos vejo repetidamente as mesmas caras e esta foi a primeira vez que aconteceu. um rapaz que um dia me pediu uma informação. e só porque lha dei sorriu. e a partir daí sorriu todos os dias que me via. e dizia bom dia como quem está de facto a desejar um bom dia e não como quem diz hoje está sol será um bom dia. tenho pena que o rapaz tenha sumido do meu dia a dia mas sinto-me feliz por todos os dias em que o vi sorrir. e não o esquecerei nunca. como o rapaz que no mesmo comboio pelo natal me ofereceu um lápis novinho em folha ainda com o aparo por fazer. foi o melhor presente de natal que podia ter recebido. porque veio de alguém que nunca tinha visto e não tornei a ver. mas foi um lindo presente. como um sorriso... ou quase.
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