18 outubro, 2009

serenidade

durante meia hora tento voltar a dormir. deitei-me tarde e sei que me fará falta durante a semana o facto de não ter aproveitado algum do tempo livre para dormir. mas acabo por desistir. afinal se não adormeço deve ser porque não tenho sono. começo pois o meu dia caminhando à beira mar. hesitei entre levar ou não a câmara fotográfica acabei por desistir afinal é domingo dia em que há sempre muita gente e eu não aprecio muito esta confusão. decido então fazer do meu olhar a câmara. ao longe uma mancha branca na praia poderia levar-me a pensar num bando de pássaros um pouco maiores que gaivotas que andam por ali em cima das rochas. mas sei que a minha falta de visão ao longe me está a trair. quando me aproximo mais percebo que é uma selecção de judocas que treinam na praia. passa por mim um casal e percebo alguma coisa no ombro dele. como sempre a minha vista não consegue descortinar o que seja (sou uma câmara sem zoom) senão quando me cruzo com eles. trata-se de uma pequena catatua muito bonita que se empoleira no ombro do dono com o ar mais feliz deste mundo. não encontro nenhuma cara conhecida. talvez porque estou ali a horas que não é costume estar. a verdade é que me sabe bem não encontrar nenhum conhecido. com estas caminhadas procuro a serenidade que vai faltando no dia a dia de todos nós. tratamos factos corriqueiros como se tivessem uma importância nacional. ouvir o escritor libanês de língua francesa amin maalouf deu-me uma verdadeira tranquilidade. fiquei com a impressão de que afinal é perfeitamente possível um mundo sem guerra. inventem-se novas religiões. inventem-se novos governantes. reinventemo-nos. é a palavra que me há-de dar alento esta semana. serenidade.

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