07 setembro, 2009

Não passou


Passou?

Minúsculas eternidades

deglutidas por mínimos relógios

ressoam na mente cavernosa.



Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.

A mão - a tua mão, nossas mãos -

rugosas, têm o antigo calor

de quando éramos vivos. Éramos?



Hoje somos mais vivos do que nunca.

Mentira, estarmos sós.

Nada, que eu sinta, passa realmente.

É tudo ilusão de ter passado.



(Carlos Drummond de Andrade)

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