o dia tinha começado com alguns percalços. aquelas pequenas coisas que antes me deixavam tão irritada que o dia ficava estragado. aprendi faz tempo a não dar importância a coisas menos boas e a valorizar outras que me dão alegria. mas olhando para trás fico contente porque sei que fiz progressos. afinal o que aconteceu de ruim? quando me preparava para sair de bicicleta tive que perder alguns segundos a pôr a corrente que se tinha soltado no seu lugar. depois voei para a estação. a mulher que sai em algés estava sentada do lado contrário ao mar. não gosto. o rio faz-me falta. preciso de ver as mudanças de cor e de maré todos os dias. de manhã e de tarde. gosto de olhar o rio. por isso deixei que o homem chegasse e se sentasse ao lado da mulher como de costume. não vi o que se passou mas posso apostar que não foi diferente dos últimos dias. agora que ela escolheu outro lugar pode ser que em breve mude de carruagem e depois de comboio e depois de vida. pode ser. será que a mulher lê este sítio e percebeu que eu falava dela? será que mudou de lugar para que eu não pudesse observar? poder podia mas ainda assim prefiro o rio. manias de gente simples. nada disto chegou para me estragar o dia. pouco depois em alcântara terra um rapaz preto com uma bela cabeleira black power dirigiu-se a mim tirando um dos auscultadores para me fazer uma pergunta com um sorriso nos lábios. e o sorriso dele iluminou o dia que estava cinzento e nublado. retirei também um auscultador e respondi à pergunta com um um sorriso.no regresso apanhou o mesmo comboio que eu. fazia sol.
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