setembro afinal não se esqueceu e chegou no horário. de manhã tristonho depois melhorou um pouquinho. o trânsito não me pareceu muito diferente mas é claro que eu estava mais interessada nos meus companheiros de viagem do que com o que se passava na bela marginal de todos os dias. assim que entrei no comboio reparei que ela hoje foi à caixinha da saúde e deu um pouco de cor ao rosto. nos olhos pôs um pouco de rimel. eu reparei mas tenho a certeza que ele não. chegou como de costume disse-lhe bom dia como quem fala a um colega de trabalho com quem não tem qualquer intimidade abriu o jornal (um desses grátis que são distribuídos entre os passageiros dos transportes públicos). ela tentou várias vezes encetar uma conversa mas ele nada. em menos de cinco minutos fechou o jornal e pegou num livro. ela começou a ler o jornal. ou a fazer de conta que o lia. tenho a certeza que mesmo que o estivesse lendo não saberia reproduzir uma única notícia. e assim prosseguimos a viagem. eu deitando um rabo de olho a torcer para que ela não se diminuísse tanto e com vontade de lhe dizer sai na próxima paragem e espera outro comboio que te leve para longe desse fulano que se senta ao teu lado só para se sentir intensamente amado e admirado por ti mulher pequena e tonta por essa paixão que um dia destes te passa e odeias-te por teres dado tanto de ti em troca de coisa nenhuma. anseio pelo dia em que ele entre no comboio e tu não estejas lá. não é o primeiro caso a que assisto neste mesmo comboio. não será com certeza o último.
1 comentário:
Mé, está giro, quase parece um folhetim, continua...
:-)
Enviar um comentário