ela vive frente a uma cadeia. uma daquelas em que um pavilhão para 100 detidos alberga 180. o marido era trabalhador mas quando bebia um trago a mais acabava descontando em cima dela. um dia quando voltava do trabalho ouviu um assobio vindo da cadeia. mal chegou a casa abriu a janela e do lado de lá dos muros e grades entre dezenas de rostos que mal distinguia alguém lhe acenou. ela retribuiu. ele arranjou maneira de lhe fazer chegar um bilhete. pedia-lhe que o visitasse. ela pensou. duas três quatro vezes. continuava pensando no dia em que o marido entrou mais uma vez mal bebido e lhe deu uma tareia. aí ela não pensou mais e apresentou-se na cadeia para visitar o seu pretendente. durante muito tempo o namoro prosseguiu. ela conseguia aguentar melhor a má vida que tinha em casa. os olhos estavam brilhantes ela quase nem sentia quando as pancadas se abatiam sobre o seu corpo. mas um dia o marido descobriu a traição da mulher. e quando se preparava para a matar ela disse-lhe serenamente livras-te de mim mas não vais aguentar viver numa prisão. ele baixou a arma saiu de casa e tratou do divórcio. deve ter arranjado outra mulher em quem bater quando lhe apetece. ela esperou que o namorado cumprisse a pena até ao fim. agora vivem os dois na casa em frente à cadeia. estão juntos há quatro anos. ele confessa que no início pensou que seria apenas uma aventura que o ajudaria a suportar os dias de solidão. mas passados 4 anos a viver com ela percebeu que afinal é um casamento. uma prisão de que ambos gostam.
1 comentário:
gostei Mé
:-)
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