chego à praia de manhã e vejo uma placa que fala em perigo de derrocada. há quinze dias não estava lá. agora está. sigo em frente e escolho um sítio para estender a toalha. julgo que estou colocada fora de perigo mas na verdade não sei muito bem se é assim. afinal numa praia de falésias nunca se sabe. e muitas vezes quando uma rocha desaba outras vão atrás. mesmo assim não penso mais no assunto. gozo o sol o livro a música e o mar ao fundo que a maré está baixa. depois vou à minha vida. tenho assuntos para resolver por isso aproveito o dia de folga para tratar do que preciso. chego a casa pouco antes do jornal da tarde. ouço de chofre a notícia do que se passou na praia maria luisa. imagino que também lá estivesse um aviso com perigo de derrocada. mais tarde percebo que o aviso na praia maria luisa era apenas uma aviso de perigo. mas perigo de quê? isso o aviso não explica. na minha praia secreta o aviso diz a que se refere o perigo. para já na praia maria luisa há pelo menos cinco mortos a lamentar. a costa algarvia está cheia de perigos deste género. as autoridades sabem. a construção desenfreada pôs em perigo toda aquela costa. não adianta fazerem de conta que não sabem. há poucos anos não se falava de outra coisa. a malta não está toda possuída pela doença do senhor alemão. há quem tenha memória. há quem tenha vergonha de ver hoje gente que devia ser responsável a falar com a maior de todas as hipocrisias. o lucro não justifica tudo. nada justifica a perda de uma vida. se as praias não são seguras pois bem encerrem-nas tratem-nas e quando tudo estiver bem reabram. não façam de conta que agora está tudo controlado. não está.
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