17 agosto, 2009

do que não gosto

mais uma semana a começar. o tempo está quente mas não demasiado. agosto começa a comportar-se como deve. a ver. atravesso as ruas manhã cedo. as pombas juntam-se debicando talvez pedacinhos de pão que alguém deixou. passo pelo meio delas. mal se afastam para que passe. começo finalmente a perceber que as aves não se afastam de mim como seria normal. nunca tinha reparado nisso. quero dizer nunca tinha reparado que as aves se afastam das pessoas em geral mas não se afastam de mim em particular. há dois anos uma desconhecida chamou-me a atenção para o facto e ofereceu-me a sua teoria. pode estar certa ou não. posso por exemplo pensar que se existem várias encarnações posso ter sido ave numa delas. ou posso acreditar na teoria dela. qualquer que seja a explicação a verdade é que me encanta não me desviar das pombas e obrigar a que abram caminho para que eu passe. não o faço sistematicamente. só quando quero ter a certeza que continuam a confiar em mim. o mesmo com os passarinhos que costumam aparecer pelas praias. aproximam-se da minha toalha e ficam por ali como se eu fosse algum parente próximo que estejam a visitar. gosto realmente desta atitude das aves. e no entanto nunca fui uma grande fã de aves. para falar verdade gosto muito de repteis. mas dos verdadeiros. daqueles que a gente olha e sabe dizer é uma iguana uma rã um jacaré uma serpente. do que eu não gosto é de repteis disfarçados de gente. não gosto.

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