16 agosto, 2009

deixem-se encantar

o amor cresce mais depressa que o peito. é uma fala de Tuhair em "Terra Sonâmbula". uma adaptação conseguida de Teresa Prata do romance de Mia Couto com o mesmo nome. é claro que um livro é um livro mas o filme foi com certeza aprovado por Mia pois está bem conseguido. eu tal como Tuhair desconsigo de contar tanta beleza. acabei há uns dia de Mia o último romance "Jerusalém". e quero falar dele ao mesmo tempo que da "Cidade Sem Tristeza" que estou a terminar. tenho razões para isso. e já que não se proporcionou falar de "Jerusalém" logo que o acabei esperarei terminar o que estou a ler para dizer umas coisas que me passam pela cabeça comparando a realidade das duas estórias. é que nem sempre os livros contam estórias. é verdade. muitas vezes os livros estão apenas bem escritos. e são uma poesia em forma de prosa. e é verdade que eu gosto de livros assim. porque gosto muito das palavras. e gosto também de ler palavras inventadas. dos vários autores de língua portuguesa que conheço e que o fazem considero Mia Couto o mais conseguido. não só pela qualidade mas pela quantidade. é por isso também que gosto de Mia. não haverá muitos escritores portugueses a contarem estórias actualmente. mas os escritores africanos sempre contarão estórias. é uma tradição africana. e da palavra à escrita vai um pulo. Ondjaki por exemplo escreve como se falasse o que me parece realmente encantatório. não sei se esta palavra já estava inventada. se não estava ficou agora. e não cobro direitos porque a palavra é de todos. a palavra falada ou escrita é uma das maiores maravilhas da humanidade. portanto quem não sabe ler como Tuhair faz bem em pedir a um qualquer Muidinga que lhe leia o que quer que seja que ajude a suportar as mágoas do dia a dia. fiquem pois com "Terra Sonâmbula". e se não gostam de ler já podem ficar por dentro do enredo vendo o filme. Mia Couto e Teresa Prata a encantar quem está disposto a deixar-se encantar.

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