falei de ti hoje mais do que costume. tu sabes. eu não sou de passar a dizer maravilhas de quem partiu. e é por isso que falo de ti como se continuasses junto de mim. de nós. tu estás junto de mim. de nós. para muitos partiste faz hoje 7 anos. para mim começaste a partir quando percebi que não seria capaz de te salvar. de te salvar para uma vida como tu merecias. completa. não te queria por aqui num estado vegetativo embora soubesse desde sempre que esse não seria com certeza um fim previsível para ti. por muito pouco que se soubesse da tua doença. que me disseram na altura ser muito rara. mas depois disso tive conhecimento de vários casos o que me faz pensar que os médicos não sabiam o que estavam a fazer. mas sei que nada do que fizessem podia resultar. é dia da criança. ontem estive com todos os teus netos. até aquele que está por nascer. os netos que não conheceste. o Miguel era muito bebé só te conhece das fotografias que estão espalhadas pela casa. as tuas filhas espalharam-te pela casa toda. é impossível escapar ao teu olhar quase sempre triste quando se está em casa delas. eu tenho o teu olhar feliz naquela viagem a Veneza. é assim que gosto de te lembrar. nada das pieguices costumeiras. nem eu nem tu fomos alguma vez esse tipo de mulheres. gajas. pois. gajas que nunca dão o braço a torcer. quem diz que eu sou "torcida" não te conheceu... mas foi assim que eu aprendi a amar-te. não seria capaz de te reinventar para te amar. ou não seria amor. tu. a minha mana velha. a que só começou a prestar alguma atenção à minha existência quando eu entrei na pré adolescência. foi aí que os nossos papéis se inverteram. confiavas-me todos os teus segredos e medos. como se eu fosse mais velha do que tu. e foi assim até me dizeres pedindo segredo que tipo de doença de consumia dia a dia todos os dias. a vida não te foi leve. a morte também não. estava escrito.
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