27 maio, 2009

uma justiça injusta e lenta


já que se fala tanto de justiça ou melhor da falta dela decidi hoje falar aqui do meu caso pessoal. é que quem os ouve até fica com a impressão que agora é que a justiça é lenta. mentira. a justiça é lenta desde que me conheço. e não é apenas lenta. muitas vezes não é justiça. mas adiante. o que eu quero aqui é contar que quando me divorciei entrei em tribunal de menores com um acção sobre regulação do poder paternal. todos os anos pelo menos uma vez por ano eu era chamada a tribunal mas o pai dos meus filhos não se dignava aparecer. apesar de eu dizer tudo (que era muito pouco) o que sabia sobre o seu possível paradeiro o senhor não aparecia. um belo dia telefonaram-me para o meu emprego. a polícia judiciária estava no edifício onde moro à procura do meu ex-marido. há meses a porteira via aqueles dois homens por ali o dia inteiro. um dia tirou-se dos seus cuidados e perguntou-lhes se podia ajudá-los em alguma coisa. ainda não sabia que eram polícias. então mostraram-lhe um foto e perguntaram se conhecia aquela mulher. ela olhou a foto e disse não não conheço. quando mencionaram o meu nome ela disse logo sim senhora conheço muito bem e o que os senhores querem com ela?. explicaram-lhe que andavam à procura do meu ex marido e ela muito despachada respondeu tem graça que ela também. então os senhores estão aqui à procura do homem? mas que raio de trabalho é o que fazem? pois. dois homens pagos para me vigiarem e com uma foto tirada numa altura em que eu tinha perdido 20 quilos e em que estava tão irreconhecível que nem a "minha" porteira me reconhecia quanto mais dois sujeitos que jamais me tinham visto. ao fim de mais de 20 anos o meu ex- marido decidiu aparecer no tribunal. afinal de contas as crianças já eram todas maiores e não havia mais o que temer. hoje a coisa não está melhor. está na mesma. foi esta a justiça que eu consegui ao fim de 20 anos. um juiz a dizer-me que eu era uma mulher admirável que jamais tinha baixado os braços e a deitar abaixo ali mesmo o pai dos meus filhos. foi a única justiça que consegui. não serviu de nada. mas também ao fim de 20 anos eu já não esperava nada. por isso aquela palmadinha no meu ego me fez melhor do que qualquer sentença que pudesse ter sido proferida antes disso. é a justiça que não temos.

1 comentário:

Flip disse...

e não se vêem melhoras...espelho do país em que vivemos