semanas de seis dias de trabalho deixam-me realmente muito cansada. mas se acontece algo inesperado como poder estar ainda que por pouco tempo com a filha de Pepe já o esforço valeu a pena. numa Lisboa agitada pelas comemorações dos 50 anos do Cristo Rei (confesso que não dei por nada) e pela bênção das pastas (aí sim dei por tudo), pude tomar um café com a minha amiga que por causas que a ambas são alheias já não via há seis meses. para quem estava acostumado a estar com tempo uma vez por semana é obra. acontece que hoje foi muito bom abraçá-la. pena que não tenha força porque a vontade que tive foi de andar com ela ao colo. juro. mesmo com a sua vida presentemente tão conturbada e até amargurada consigo ler nos seus olhos claros a força que há-de vencer (não ligues ao que o teu pai e o Zé dizem). quando eles te apontarem o caminho podes ter a certeza que podes seguir. mas o que me contaste são apenas sobressaltos da tua cabeça agitada e da falta que te faz um ombro para poderes desabar. mas eu prometo que para a semana te vou ouvir todo o tempo que precises. e hás-de sentir-te mais animada e juntas vamos achar um caminho para saíres da situação em que estás. seja como for senti-me tão feliz por estar contigo. tão feliz amiga. às vezes ponho-me a pensar que quando eu nasci tu já eras uma rapariga crescida e com muitas estórias para contar. e no entanto hoje somos muitas vezes o ombro uma da outra. mas agora serei eu o teu amiga. e se a nossa menina não te aparece a dizer coisa nenhuma é porque quem te chama não é o Pepe nem o Zé. acredita em mim que não percebo nada destas coisas mas sei o que digo. e foi assim mais um sábado de muito trabalho. e ainda há quem se queixe por ter trabalho. ainda bem que o temos. infelizes dos que todos os dias são obrigados a engrossar as filas do desemprego. e vou parar por aqui porque já percebi que os meus dedos não me obedecem eu penso uma coisa e eles escrevem outra não há nada a fazer. esta mania que têm de ser independentes...
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