01 maio, 2009

não voltarei mais


talvez daqui a pouco acordes e venhas espreitar vendo a luz que escorre debaixo da porta. talvez me abraces e digas vem ou talvez te sentes a ler o que escrevo. é mais fácil escrever que falar.  e preciso de te dizer que não sei porque atendo sempre os teus chamados. por mais que me diga a mim mesma esta foi a última vez basta chamares e eu venho. e tu sabes nem sempre é fácil mas eu venho. à espera do teu abraço que me acolhe e depressa se farta. porque a minha energia cansa-te eu sei. não que alguma vez o tenhas admitido mas eu sei. não percebes porque durmo tão pouco. não percebes porque falo enquanto durmo. não percebes porque canto até dormindo. sobretudo quando estou feliz. eu acho que canto quando estou feliz porque não me lembro de cantar quando não estou contigo. e fazes uma festa quando me vês mas quando percebes que eu estou igual que não sou capaz de ficar sossegada como tu só a olhar cansas-te. por isso hoje fingi que dormia e mal adormeceste levantei-me pé ante pé e fui à janela. ver o mar e as estrelas. estas estrelas que não tenho em minha casa. não com toda esta luz. estas estrelas que me dizem que logo serei acordada pelo grito das gaivotas e tu continuas a dormir impassível porque estás acostumado e eu... eu não consigo acostumar-me. queria ser gaivota e poder gritar como elas. talvez assim eu fosse capaz de te dizer não uma primeira vez e depois outra e depois sempre. para sempre. talvez eu me canse também como de todas as outras vezes e parta ao amanhecer depois de perceber que já cá não estou a fazer nada. depois... talvez não volte nunca mais. tomara que não volte nunca mais.

Sem comentários: