as duas raparigas caminham lado a lado na passadeira rolante. têm cerca de 20 anos. a que caminha à minha frente faz xi-xi entre parêntesis. não sabem o que é? eu explico. são aquelas pernas que se juntam no joelhos formando um espécie de parêntesis. à saída da passadeira ouço o vozeirão de alguém que fala em nome de Cristo. Cristo é o caminho ouço. percebo que se trata de uma preta enorme com uma voz tonitruante. a t shirt que veste diz o mesmo que ela. Cristo é o caminho. apesar disso ninguém pára para ouvir se ela tem uma mensagem mais original. cada um segue o seu caminho. quando chego à plataforma onde há-de chegar o meu comboio vejo uma colega com quem falo muitas vezes. pergunto-lhe porque está triste e ela aponta com o queixo para o banco ao lado. de facto está um casal com um aspecto absolutamente miserável e uma criança. compreendo que esteja triste. eu própria me sinto triste como ela. despeço-me tentando deixar-lhe uma palavra de esperança. não lhe digo Cristo é o caminho. isso ela com certeza ouviu como eu. não sei se acredita ou não. sei que eu não acredito na falta de originalidade das mensagens religiosas. um dia destes ouvi o economista e sociólogo Eduardo Gianetti dizer que a religião no sentido institucional da palavra tem retardado o avanço do mundo. não há quem não perceba isto. em nome da religião pede-se aos jovens que desistam dos seus sonhos. em nome da religião se faz a guerra. quem me dera dizer em nome da religião se faz a paz...
1 comentário:
vendedores da banha da cobra Mé, há-os em todo o lado, passás-te ao lado e fizeste muito bem
:-)
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