enquanto caminho sinto o cheiro da maresia. um cheiro que me parece longínquo quero dizer há muito que não me lembrava de o sentir desta maneira. penso se o meu olfacto terá melhorado ou se realmente como muitos outros cheiros que me trazem boas lembranças este tem tendência a desaparecer. lembro-me sem mais nem menos do cheiro a café que já só se pode sentir nas poucas casas da café que sobrevivem nos bairros antigos de Lisboa. são cheiros que me recordam a infância e a minha avó. cheiros que me lembram amores perdidos. e penso se realmente terei tido um grande amor. é difícil perceber onde acaba o desejo e a paixão e começa o amor. e desejo e paixão eu tenho a certeza de ter vivido. o amor deve ser algo muito mais difícil de conseguir e não creio ter sido alguma vez capaz de o ter conseguido embora tenha dito inúmeras vezes amo-te e quando o o dizia era verdade. porque acreditava que era verdade. mas agora assim aqui ao pé do mar sentindo este cheiro de maré baixa penso que estava muito provavelmente enganada. penso que confundi tudo. penso que a maioria das pessoas o terá feito e penso também que se calhar estou só a querer não me sentir sozinha neste engano. lembro-me da frase de Fermina "não há nada mais difícil que o amor" e penso que ela tem razão e quem pensar que é fácil é porque como eu confundiu tudo. e com algum frio acabo o meu passeio e regresso a casa. talvez mais triste do que quando saí. e penso ainda em Florindo Ariza dizendo quando consegue ao fim de mais de 50 anos concretizar o seu amor por Fermina "é a vida e não a morte que não tem limites".
1 comentário:
deves ter ido de madrugada Mé :-)
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