15 abril, 2009

almoço com um da minha rua


pois foi hoje que o Barrabas é assim a gente fala e ele faz. e almoçámos peixe grelhado e fomos conversando de casos antigos e da vida de hoje. falámos dos da nossa rua daqueles a quem perdemos o rasto mas de quem nos lembraremos sempre com saudade porque fizeram parte da nossa vida. disse-me que passa por aqui e fica se a estória for de Angola. de outro modo não pára porque lhe dá muito trabalho ler o que escrevo sem vírgulas. explico que é a minha liberdade que está em jogo que me sinto aperreada no meio de vírgulas mas a liberdade de quem lê também. é que assim é possível eu escrever uma estória que será lida de maneiras diferentes por cada uma das pessoas que se der ao trabalho de ler. este é o meu espaço de liberdade. a língua em que me expresso pode ser também um espaço de liberdade. e é. pelo menos enquanto me apetecer enquanto eu me sentir bem assim. e depois de nos despedirmos fiquei lembrando algumas das peripécias que ele e o meu irmão armavam. a minha mãe sempre gostou de negociar com os santos mas pelo sim pelo não e como não gosta de perder fazia promessas que outros tinham que pagar. e foi assim que o meu irmão teve que cumprir a promessa de ir todos os dias durante as férias grandes à missa das 6 da tarde na igreja de S. Paulo. um dia para se certificar de que ele cumpria a promessa pegou em mim e lá fomos. sentados lado a lado com o ar mais contrito deste mundo lá estavam os malandrecos. quando chegou a altura da comunhão ambos se levantaram e foram para a fila. parece que estou a ver o Barrabas de calças brancas à boca de sino e camisa de mil flores... quando chegou a vez deles o padre que já os topava deixou-os sem hóstia (lanche como os dois chamavam) e eles tiveram que bater em retirada. mas lá que o meu irmão cumpria a promessa cumpria... e como amigo que é amigo de verdade nos acompanha nos bons e maus momentos lá estava o Barrabas a fazer-lhe companhia. que dois bardinas!

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