uma vez por semana havia sessão judicial na fazenda. vinham os habitantes dos quimbos da região e o administrador. causas bem interessantes passavam por ali e os julgamentos não eram complicados. o juiz (administrador) distribuía justiça a torto e a direito parecia-me às vezes que conforme a cara do freguês que mais lhe agradava. de qualquer modo não era fácil pelo menos na minha cabecinha infantil decidir se os ovos postos pela galinha de X no quintal de Z seriam de um ou de outro. algumas sessões depois percebi que às vezes eram de X outras de Y, conforme as caras de X e de Y. e como decidir a quem pertence um cobertor achado no meio do mato e que o dono encontra nas costas do vizinho? achado é roubado? na minha terra não. mas ali a justiça não se decidia assim de qualquer maneira. havia que pesar bem os argumentos de cada um porque advogados não existiam. nem defesa nem acusação. cada um advogava a sua própria casa e às vezes a maneira de convencer o juiz tinha que ver com o paleio da cada um... o Álvaro às vezes intervinha a favor de alguém que conhecia bem e que era acusado de roubo. aí era a palavra dele que o juíz tinha em conta... sabem que mais? se calhar os procuradores do ministério público cá do burgo deviam fazer um estágio por terras do Cunene.
1 comentário:
eheheh...rio, mas rio com prazer, porque também vivi como tu o que se passava no inetrior das sanzalas lá pró norte onde meu cota trabalhava e os costumes, esses, eram muito engraçados...não vi "julgamentos", só mesmo "macas" a serem resolvidas lá no dialecto e não percebia nada, mas vi outras coisas que me espantavam, fuenrais, casamentos, circuncisão etc...hey, tu és boa auxiliar de memória sabias?
Abrigaste-te da chuva? saudades do nosso sol...
bj
:-)
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