o dia amanheceu lindo. enquanto pedalo até à estação começo a ouvir o chilrear da passarada e começo a cantarolar passaredo de Chico Buarque. para dentro. para que ninguém me ouça. muitas vezes esqueço-me de que não sei cantar e canto mesmo em voz alta seja onde for. é frequente acordar a cantar. se bem que ultimamente menos frequentemente mas quem é que tem vontade de cantar com a crise instalada e o tempo de chuva que tem feito? a propósito de cantar vou contar-vos uma estória passada comigo. estava em Lisboa há cerca de 1 ano e frequentava o antigo 7º ano no liceu D. João de Castro. a área escolhida (Filologia Clássica) obviamente tinha muito poucos alunos. a grego por exemplo era a única. os colegas do ano anterior ficaram pelo caminho e a aula era mais uma espécie de aula particular... enfim. um luxo! acontece que o professor de português era casado com a professora de grego e que eu gostava muito de ambos. um dia estávamos a fazer um teste (treze alunos numa pequena sala) e sem dar por isso eu estava cantando. o professor chamou-me e disse-me que saísse. fiquei muito triste porque ele me merecia toda a consideração... no fim da aula fui ter com ele para lhe dizer que não queria perturbar e que tinha começado a cantar sem me aperceber porque era um hábito de miúda. ele disse-me que tinha percebido isso na altura e que só me tinha mandado sair porque os meus colegas não se podiam concentrar comigo a cantar. e por fim perguntou "a menina é da Guiné?"). eu respondi que era de Angola. abriu um sorriso e contou-me que tinha estado na Guiné e que só uma pessoa com origens africanas tinha dentro de si a alegria necessária para cantar fosse onde fosse... faço os possíveis para cantar para dentro porque não sei cantar. mas se soubesse não me ralava nada que me ouvissem... pensando bem mesmo cantando mal não me ralo quando me distraio e isso acontece.
1 comentário:
e fazes muito bem Mé, quem canta ...
sentes-te bem? então, canta...
um belo dia para ti
bj
:-)
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