pois é amiga. já passaram 3 anos sobre a tua morte e continuas sempre presente. a vida é apenas uma soma de dias uns melhores que outros. todos temos o direito de parar a contagem. ou fazer os possíveis para que a contagem pare o mais depressa possível. é claro que até se pode pensar que foi uma atitude egoísta. mas será que quem te acusa disso se lembra que levaste a vida inteira a dar? que ensinaste tudo o que sabias sem pedir nada em troca. que quando precisavas do apoio de alguém vinhas pé ante pé sem saber o que fazer à timidez corando por tudo e por nada quando eu brincava com essa maneira de ser que nunca mudou enquanto te conheci. eu lembro sobretudo o momento em que me agarraste pelo braço e pediste fica comigo. esse medo de ficar só. querias morrer mas tinhas medo. julgo que no fundo será assim para todos nós. por isso são tão felizes os que morrem de repente sem que ninguém o espere. mas tu... tu podias ter vivido muito mais do que os 50 anos que viveste. tu podias. mas não quiseste. estavas farta de medicamentos de médicos e a perspectiva de uma nova cirurgia apavorava-te. estou aqui e embora não pareça estou do teu lado. apoiaria qualquer escolha que fizesses. a minha amizade por ti sempre foi incondicional. e tu sabias. por isso o disseste tantas vezes à filha de Pepe. hoje apeteceu-me escrever-te. não no dia do aniversário da tua morte que foi há dias mas no dia do aniversário da morte da Elis Regina, do nascimento de Martin Luther King e na véspera do dia de tomada de posse do primeiro presidente preto dos USA. vá lá não cores. tu sabes que o termo preto não é depreciativo. é a constatação de um facto. e também sabes que eu não gosto mesmo é de gente de cor duvidosa. por isso amanhã já sabes. vai até à casa branca por mim e sopra uns conselhos sábios como aqueles que tantas vezes me deste ao novo homem da casa branca.
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