31 janeiro, 2009

a breve estória do Álvaro


lá fora o vento assobia e a chuva cai forte. as palmeiras ameaçam perder ramos a qualquer momento mas eu estou no sul de Angola e ouço Álvaro Lopes contar a sua estória. ou parte da sua estória e outras estórias. recordo algumas. o pai de Álvaro Lopes era português e branco. não sei que tipo de relação nem como conheceu a mãe do Álvaro que era uma preta do mato daquelas que nunca saíram da sua sanzala no meio do mato no meio de nada. num lugar onde quer que se perguntasse se tal sítio ficava longe nos respondia é perto longe. perto longe como perguntámos a primeira vez. perto se fores assim de jeep e longe se fores a pé como eu... sabedoria do mato. o certo é que o pai de Álvaro o trouxe para Portugal e ele fez o liceu. depois quis regressar a Angola conhecer mãe voltar às suas raízes. conheceu a mulher com quem casou na Huíla (ex Sá da Bandeira) onde ela tinha uma farmácia por era licenciada em farmácia. mas depressa o Álvaro começou a achar a cidade demasiado pequena para os seus sonhos. quando lhe propuseram gerir uma fazenda enorme perto da África do Sul não hesitou. visitava a mulher de 15 em 15 dias em Sá da Bandeira. e o casamento segundo ele era um bom casamento. estavam afastados sentiam saudades um do outro e o reencontro era sempre uma alegria. de vez em quando o Álvaro também visitava a mãe. levava-lhe de presente coisas úteis como café, arroz, cobertores, roupa... quando ela morreu descobriu dentro de uma velha arca todos os presentes que lhe dera. intactos. eram as lembranças do seu menino não ia gastá-las não é?

1 comentário:

Flip disse...


uma mãe com um coração grande, como todas...
Deixa-me dizer-te que adoro Sá da bandeira, estive lá em 2005, e pouco sofreu (a piscina estava coebrta de mato por exemplo e um kimbo enorme aproximou-se da cidade), matei saudades daquela zona toda, a serra da Leba, a Tundavala...continua lida a nossa terra, não dá pra esquecer
bj