quando li "Ensaio sobre a Cegueira" fiquei encantada. porque o que me encanta em Saramago é sobretudo a imaginação. é uma coisa prodigiosa. isso acontece em tudo o que escreve mas neste caso trata-se de um romance duro capaz de nos pôr um nó na garganta. e às vezes precisamos de um nó na garganta vindo do exterior para percebermos como afinal temos uma vida maravilhosa de que nos habituámos a queixar dia a dia. eu já me desabituei há muitos anos. ao contrário de muita gente os desgostos servem-me para me sentir mais forte e para olhar para o lado e ver que há gente com desgostos imensos e que vive com alegria. quem sou eu para não agradecer à vida tudo o que me deu e tudo o que lhe tenho roubado... a propósito do livro tenho ouvido várias entrevistas com o realizador Fernando Meirelles que se atreveu a fazer um filme do romance. e a entrevista que deu a Marília Gabriela encantou-me. como homem e como profissional. a simplicidade dos génios é o que mais me encanta. o não se terem ainda descoberto enquanto tal. o achar que se fez muito pouco para se ser reconhecido como alguém fora do comum. hoje fui ver o filme. numa sala com 5 (cinco!) pessoas. e percebi porque é que Saramago chorou quando viu o seu romance transformado em filme. parabéns Saramago. parabéns Meirelles. a mostra da realidade dura e crua desgosta muita gente... que gosta de imaginar que vida é cor de rosa como nos velhos contos de fadas... mas já esqueceram que mesmo aí existem as bruxas más.
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