um objectivo um sonho o que posso chamar-lhe? de repente desperto para a necessidade de ter que arranjar algo que seja importante para mim realizar antes de morrer. não sei ninguém sabe o tempo que tem. mas a verdade é que descobri a urgência de traçar um objectivo. se fosse escritora poderia querer ser melhor que Lobo Antunes. mas isso seria escolher um objectivo inatingível claro. se fosse pintora quereria ser melhor que Paula Rego e morreria igualmente frustrada. se fosse compositora de música popular quereria ser melhor que Chico Buarque e bateria com a cabeça nas paredes por não ser capaz. tenho portanto que arranja um objectivo perfeitamente capaz de ser alcançável apesar de com algum esforço claro. no filme Conversas com o meu jardineiro o objectivo do dele é pescar uma carpa. mais uma vez. quer dizer quando ele fala da carpa refere-se ao peixe e fica-se com a impressão de que ele sabe qual o peixe que quer pescar que o conhece mas que nunca o pescou. porém antes de morrer o jardineiro vai à pesca com seu amigo pintor e juntos conseguem pescar a carpa. depois de a deixarem uns momentos no barco o jardineiro diz que o melhor é devolverem-na ao lago. afinal esta é a terceira e última vez que pescou a mesma carpa. e a última. o peixe como ele lhe chama. e é de uma coisa assim mais ou menos simples que preciso. porque percebi que fazer o meu trabalho o melhor possível não chega. remar contra a maré tornou-se uma banalidade dos meus dias. tenho que arranjar uma coisa qualquer que queira muito fazer e ainda não tenha feito. aqui há uns anos diria que não poderia morrer sem conhecer La Valeta. se calhar agora o que me falta mesmo é voltar a La Valeta e quem sabe ficar por lá a olhar o mar das estreitas ruas cheias de flores nas varandas.
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