16 novembro, 2008

peço-te perdão


quando te perguntei se querias casar comigo respondeste imediatamente que sim. eu tinha apenas 18 anos tu eras um homem feito meu professor na faculdade. como eu muitas alunas estavam apaixonadas por ti. não era exactamente pela beleza mas pelo charme. tu sabes sempre soubeste como seduzir uma mulher tivesse ela a idade que tivesse. mas disseste sim. contavas isto aos amigos aos conhecidos a toda a gente e explicavas que a força que em mim existia era irresistível e quando percebeste que aquela era a maneira de me teres sempre junto de ti disseste sim. ao longo de trinta anos deste algumas facadinhas a que fechei os olhos. as mulheres são demasiado exigentes. querem estar constantemente apaixonadas e muitas não perdoam um caso uma aventura uma coisa de nada. mas eu fazia de conta que não sabia que continuavas a ter os teus encontros com jovens alunas... e eu entendia. como resistir à juventude de um corpo belo e são? agora que comecei a esquecer o que fiz há duas horas sei que dentro de algum tempo terei esquecido também os 30 anos que vivemos juntos como terei esquecido os meus pais e irmãos e amigos. terei até esquecido os filhos que não temos. tudo ficará para trás. tu deixarás de existir para mim. passarás a ser um estranho. sabes não sabes? mas eu sei que jamais me abandonarás. ficarás ali ao meu lado a ver-me distante a tentares formas de me trazer para perto de ti e eu... eu estarei cada vez mais longe. até que um dia não voltarei mais a estar junto de ti. troco-te por um senhor chamado Alzheimer. é se calhar a minha pequena vingança pelos erros que cometeste. mas peço-te perdão assim mesmo pois sei que é uma pena demasiado pesada para quem tanto me amou.

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