no conforto da minha casa e sobretudo quando me deito coberta pelo edredon penso nos desabrigados de todo o mundo. bem sei que os desabrigados de Portugal são privilegiados em relação aos de outros países. mas também sei que as capitais europeias costumam abrir as estações de Metro nas noites muito frias para que os desabrigados possam ter um pouco mais de conforto. dir-me-ão e eu sei que é verdade que para a maior parte deles é uma opção de vida. há uns anos bons trabalhava num sítio em cuja rua existia um velho carro abandonado. um homem que tinha tido uma boa vida tinha sido emigrante na Alemanha quando se soube traído pela mulher saiu de casa e foi viver para dentro daquele carro. um colega meu por mais de uma vez pegou nele e tentou dar-lhe um pouco de conforto um tecto e alimentação numa das instituições que em Lisboa se ocupam de gente que por um motivo ou outro acaba por viver na rua. o homem não se aguentava por mais de dois dias. não trocava a liberdade e a fome por um tecto e alimentação a horas certas. compreendo muito bem esta gente . adoro os vagabundos. infelizmente quase desapareceram da face da terra e o que de mais parecido existe são parasitas que pedem esmola ou arrumam carros e ganham em média mais do que eu. e nem sequer pagam impostos sobre o trabalho. os vagabundos não. fazem alguma coisa em troca de um abrigo e uma refeição. mas que é feito deles... desses que não se deixavam acorrentar pelas convenções mas ganhavam honestamente a o que comiam sem se vergarem. livres.
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