06 novembro, 2008

maus sinais


ontem andei mais pela superfície de Lisboa do que é costume. mesmo assim no total não mais de 20 minutos. devo dizer que não andei pela baixa. confesso que há muito tempo que não vou à baixa de Lisboa. de vez em quando o Chiado e a baixa apenas à noite se vou a algum concerto. deserta devo dizer. mesmo no Verão. uma tristeza. mas ontem durante o total de 20 minutos pela superfície de Lisboa contei 6 mendigos. entre velhos muitos jovens homens e mulheres. em pontos onde não se espera de todo encontrar mendigos. impressionou-me. estou acostumada aos cegos que aparecem no metro e que são sempre os mesmos. as romenas desapareceram há anos de circulação. agora que a miséria torna o seu rosto mais visível é verdade. sinal dos tempos. hoje ao entrar numa carruagem de metro em hora de ponta de manhã surpreendeu-me encontrar dois lugares vazios. sentei-me e percebi porque estavam vazios. deitado a dormir nos dois bancos em frente ia um homem de cerca de 30 anos e fraca estatura. mal me sentei outra rapariga seguiu o meu exemplo e sentou-se ao meu lado. quer isto dizer que as pessoas receiam aproximar-se de gente com comportamentos marginais. não querem ver a miséria em seu redor. talvez se queiram distanciar dela desta maneira. numa das estações já a mais de meio do percurso um homem que foi sempre em pé bateu com jornal no homem deitado e disse-lhe que não podia estar assim a ocupar dois lugares. e saiu. pensem nisto. o homem soergueu-se com um ar ensonado e pude então ver que tinha uma grande corcunda. voltou a deitar-se e seguiu viagem. fiquei a pensar que provavelmente conseguiu escapar à vigilância e dormir ali toda a noite. e continuou a dormir enquanto o deixaram claro...

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