saio e digo-te que não demoro vou fazer uma compra ou assim. pedes que seja mais específica e respondo-te com agressividade. não quero sentir que me controlas mete-te na tua vida não é porque vivo contigo que tenho que te dar conta de todos os meus passos. não me queres ver irritada tentas acalmar-me e dizes que me esperas com um chá que vais fazer e uns biscoitos que a tua mãe ofereceu. volto a repetir agora com alguma calma eu já volto. e vou. vou ter com o meu amante que por acaso tem um nome masculino mas que misturo com um nome feminino. com os amigos que agora tenho fumo uns baseados e cheiro uma branquinha. digo que tenho que voltar para casa que estás à minha espera e propõem-me algo mais. acabo por ceder. afinal tá-se bem porquê parar logo agora que estamos todos no céu... quando enfim decido voltar a casa esperas-me com um ar cansado de que não dormiu. estás zangado quando dizes que me procuraste por hospitais e esquadras de polícia e eu reajo mal. digo que não há razão para todo aquele drama. eu estou bem só me despistei um pouco com as horas porque tive que cuidar de uma amiga doente. e minto. minto sempre. todos os dias. vou continuar a mentir mas tu julgas que não. julgas que podes fazer alguma coisa por mim. no fundo eu também. morro de medo que me abandones. morro de medo que os meus pais me abandonem. mas logo ou amanhã voltarei a fazer o mesmo. depois de fazer mil promessas de que não voltará a acontecer desaparecerei novamente quem sabe por quanto tempo... quando estou lúcida está tudo bem. digo o que se passa de verdade. mas nunca a ti. nunca aos que me amam. nunca a mim mesma. só aqui neste pedaço de papel que acabarei por amarrotar e deitar no lixo...
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