11 novembro, 2008

Cela de ouvido


O tempo gasto, velho, intrépido e ultrapassado
De sinfonia estridente e mordaz
Cala perante as súplicas dos amores sagrados
Faz-se estanque em meio ao movimento eterno das coisas
E se distingue de tudo o que não é manejável, controlável
O tempo dos amantes coexiste com a ausência dele
Como um sinal de respeito pelo deserto que se levanta
Em meio ao excesso de rostos e mãos e pernas e sexos
Mas, o que diriam os sedutores assexuados pela vaidade?
Talvez reclamem do tempo mais tarde
Quando os apelos corpóreos bruscamente os abandonarem

Fazendo instalar em si mais lembranças que vivências

(Bernardo Almeida)

Sem comentários: