01 setembro, 2008

o gangster


há quem pense que eu estou obcecada pelas gaivotas. e é verdade. estou.
não via o homem há uns meses mas agora que o vi percebo que não mudou nada tem o mesmo ar de quem saiu de um estúdio de gravação de filmes de horror. cicatrizes na cara tatuagens pelo corpo a cabeça rapada mas sobretudo aquele andar à gangster. é o que mais impressiona nele. o andar. bambaleia-se com os braços abertos e parece que estamos a ver a cena de um filme com uma qualquer estória de gangsters. é preto o homem. se fosse branco ou amarelo talvez fosse capaz de impressionar ainda mais. fica-se com a impressão de que faz gala de mostrar aquelas cicatrizes horrorosas de uma cara esfaqueada numa qualquer briga à porta de um bar.
e o que é que o homem este homem precisamente tem a ver com as gaivotas hão-de estar a perguntar-se. tem tudo. o homem anda como eu a vigiá-las ainda que por motivos diferentes. ele está treinando o corpo para levantar voo. na realidade está farto de se ver ao espelho. a cara feia impressiona qualquer um. impressiona-o também claro. e ele prefere ser gaivota para poder voar para bem longe dos humanos e assustar as gaivotas pequeninas acabadas de nascer.

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