13 agosto, 2008

Uma estória com a polícia


Ontem disse aqui que tinha algumas estórias engraçadas com a PSP e com a GNR. Hoje decidi contar aquela que eu considero a melhor de todas.
Foi há 26 anos, vivia eu em Ponta Delgada e tinha 3 filhos entre os 4 e 1 ano de idade. Trabalhava nos Serviços Médico Sociais, as crianças ficavam numa ama que vivia na porta ao lado do meu emprego. Era a mamã Fernanda como todas as crianças lhe chamavam, e tinha com toda a certeza nascido para cuidar de crianças. Com ela eu estava descansada o dia inteiro e ainda tinha a vantagem de ir poder amamentar os mais novos quando ainda mamavam. Mas é claro que isto não vem ao caso.
Naquela altura era difícil arranjar um lugar para estacionar em quase toda a cidade. Eu que nunca gostei de infringir leis, de vez em quando via-me obrigada a infringi-las, ainda que isso não implicasse com a liberdade de terceiros.
Ponta Delgada era uma cidade pequena e eu costumava ir almoçar a casa e aproveitar para fazer tarefas do dia a dia para ter mais tempo para as crianças ao fim do dia. Costumava também tomar café antes de voltar ao serviço num café que ficava em caminho.
Um belo dia, sem ter lugar para estacionar pensei que não teria importância deixar o carro em 2ª via durante 5 minutos, até porque se alguém precisasse que eu o retirasse ele estava à minha vista. E assim lá fui à bica.
Quando me aproximei do carro, estava um agente da PSP de roda dele. Tinha um bloco nas mãos e ia anotando todas as falhas que o carro tinha (e eram muitas, porque era um carro muito velho e eu não tinha dinheiro para o mandar arranjar...). Quando me viu perguntou-me se o carro era meu e à minha resposta positiva pediu-me os documentos.
Quando olhou para a carta de condução, olhou-me como se eu fosse uma louca e disse, esta carta nem sequer está legível. Era verdade. Expliquei então que tinha 3 filhos pequenos e que um deles se entretivera a meter o documento dentro de água enquanto eu estava ocupada com os outros. Quando percebeu que tinha feito disparate, decidiu passar cola por cima. O resultado foi lastimável mas eu não me zanguei. Afinal um miúdo de 3 anos não sabe o valor que pode ter um documento daqueles. Só que em vez de tratar de arranjar uma segunda via para substituição fui deixando andar, o tempo não me sobrava e pronto. Tudo isto expliquei ao agente e pedi-lhe que passasse todas as multas rapidamente porque eu entrava às 2 horas no emprego. Foi então que ele me perguntou onde eu trabalhava e eu respondi. O homem anotou tudo o que havia para anotar e deixou-me seguir.
Às 6 da tarde quando saía com uma colega a quem costumava dar boleia, o agente estava à porta do meu emprego. Só para me dizer que tinha pensado no meu caso e tinha decidido que não me passava multa nenhuma. Afinal como ele disse, a senhora parece uma criança como pode ter 3 filhos e dar conta de tudo?
Um bom homem. Uma boa alma. Lá fui buscar as crianças e apresentei-as ao agente que ficou encantado e até fazia gala de me deixar parar em 2ª via quando estava de serviço por ali.

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