15 agosto, 2008

Inventámos ali o amor


passamos as gaivotas eu vi apesar de estar de mãos dadas contigo reparei que elas estavam lá silenciosas como antes sem atrapalhar o nosso passeio junto ao mar cheio do silencio de que ambos gostamos e que entendemos tão bem e sabemos que não precisamos de falar porque as palavras estão todas lá e se as usarmos demais gastam-se e não queremos gastá-las para que o nosso amor perdure este amor que os outros olham como estranho dizem que podias ser meu filho e eu respondo podia mas não é.
ao fim de uma hora sentamo-nos na esplanada a beber sumo de laranja natural e fresco e tu olhas-me fixamente enquanto me seguras a mão esquerda e eu vejo o brilho no teu olhar e sei que estás a observar cada uma das minhas rugas e talvez a pensar quais são os segredos que cada uma delas encerra e de que eu nunca te falei e nunca falarei e percebo que amas o meu rosto com todas as pequenas imperfeições que o tempo lhe foi dando e sinto que amas as minhas rugas tanto quanto eu e isso basta-me para estar feliz junto de ti.
as pessoas passam e olham disfarçadamente e eu sei o que pensam mas não me interessa porque estás ali e não fazes perguntas e não há passado nenhum entre nós porque acabamos de nascer apesar de ninguém perceber como podemos ter nascido exactamente no mesmo momento aquele em que nos cruzámos e os nossos olhos entenderam quem éramos e que era urgente muito urgente inventar ali e imediatamente o amor.

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