23 agosto, 2008

inevitavelmente


as gaivotas continuam lá acho que são sempre as mesmas sempre na mesma rocha estão caladas e olham o mar como se esperassem algo. observo-as cuidadosamente mas não consigo perceber porque esperam. em vez disso viram-se para nós com uma ar muito sério de quem entende que entre nós há mais do que cumplicidade e segredos guardados um do outro. as gaivotas percebem sabem que o amor foi inventado por nós e que a qualquer momento podemos desfazê-lo como se tratasse de um bocado daquela espuma que vem nas ondas e se espraia na areia.
amanhã se elas lá estiverem vou fotografar juro-te para que um dia não possas dizer que estou a inventar que as gaivotas não existem nunca existiram que as inventei como te inventei a ti para ter alguém com quem pudesse inventar coisas novas. como inventámos já o amor o sorriso as mãos dadas os beijos e os abraços. vou fotografá-las para que possas ter a certeza que pelo menos as gaivotas "aquelas" gaivotas são de verdade. um dia destes quando já não nos lembrarmos de que inventámos tanta coisa teremos pelo menos a recordação em fotos das gaivotas que sabiam de tudo o que passa entre nós de tudo o que inventámos de tudo o que ganhámos e que havemos de perder. inevitavelmente.

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