05 agosto, 2008

Devia ser apenas um casal de turistas


Ao fim do dia comentei com um colega que se todos os dias de trabalho corressem tão bem quanto o de hoje, nenhum de nós sofreria de stress. Se bem que eu não considero que o stress me abale. Saio do trabalho e esqueço o que lá ficou, assim como entro e esqueço os meus problemas pessoais. É uma atitude que aprendi há muito tempo e que tem dado sempre bons resultados. Não estou aqui a dar conselhos. Sei que somos todos diferentes e que muitos de nós não conseguem desligar os problemas pessoais dos problemas domésticos ou de trabalho. Mas vale a pena tentar.
Seja com for soube-me bem ver o casal de jovens turistas que se sentou à minha frente e que vim a perceber serem australianos. Ambos bonitos, ele de estatura normal, ela bastante bonita, invulgar até, preocupadíssima pelos vistos com a sua imagem. Por várias vezes tirou um espelhinho da bolsa e dava uns retoques nas pestanas, nas sobrancelhas, na boca... nos intervalos trocava gestos de ternura com o seu parceiro.
Nada de anormal até aqui, não é? Pois é. Só que a dita rapariga muito bonita e muito jovem é de uma magreza assustadora. Os seus braços magérrimos não fazem um conjunto harmonioso com as mãos demasiado grandes para uns braços tão magros. Os joelhos destapados por uma saia amarela são ossudos e as pernas, como se diz mais parecem duas esferográficas.
E eu pensei cá para mim, que pena uma rapariga tão bonita sofrer de bulimia ou de anorexia. Não sei se ela sofre de alguma delas é certo. Mas todo o seu comportamento diz que sim. A preocupação exagerada com a sua aparência, sobretudo numa jovem turista bonita e de férias deixou-me de pé atrás. Porque sei que ambas as doenças fazem com que as pessoas se olhem ao espelho com uma frequência exagerada, mesmo considerando que possa tratar-se de gente vaidosa.
Gostava de estar enganada. Gostava de pensar que estou errada, que aquela jovem não está doente e que vai ser muito feliz para o resto da vida ao lado do belo parceiro que a acompanhava e com quem trocava gestos de ternura que começam a mostrar-se demasiado raros entre nós.

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