Não se sabe para quantos sequestrados das FARC o mundo acabou. Para os que como Ingrid Bettancourt forma libertados, foi quase o fim do mundo... mas escaparam.
Acabei hoje precisamente de ler "O quase fim do Mundo" de Pepetela, Pepe para o António e também para mim. Um romance muito diferente de tudo o que Pepe tem escrito. Magistralmente imaginado, muito bem escrito, suficientemente europeísta na sua linguagem para ser entendido por todos. Até por aqueles que, sendo licenciados acham que a palavra errante significa aqueles que comentem erros. Não. Não estou a brincar. Foi preciso recorrer ao dicionário para tirar as teimas daquelas cabecinhas pensadoras e eu fiquei a pensar de que serve esta qualidade de ensino? A quem serve?.
Continuando. A estória é simples. Um grupo de noruegueses funda uma religião e decide fazer uma limpeza étnica. Acabar com o mundo e escolher 10.000 pessoas comprovadamente caucasianas, sem qualquer outro tipo de mistura. Para isso constroem uma gruta onde essas pessoas estariam resguardadas por amianto, das armas estrategicamente colocadas pelo mundo fora para exterminar todos os seres humanos sem deixar rastro. Preservam também algumas espécies de flora e fauna na gruta.
Só que num pequeno território de África, na cidade de Calpe que julgo ser ficcionada, resistem ao ataque, um médico, uma fanática religiosa, uma adolescente de 16 anos, um maluco, um ladrão e um pequeno sobrinho do médico. Todos são africanos embora de etnias diferentes. Não longe dali, uma norte americana que estuda o comportamento sexual dos gorilas também fica vendo desaparecer à frente dos seus olhos aquele pequeno grupo de animais já em vias de extinção. Mais tarde encontra um "boer" (branco sul africano, descendente dos colonos e mal visto por negros e brancos, como se tratando de um branco de segunda) que ela pensa ser mercenário e partem dali em busca de vida noutras paragens. Encontram-na em Calpe. O pequeno grupo, a que mais tarde se junta também um pescador, uma bela e jovem etíope e um curandeiro.
Uma vez que o "boer" tem brevet começa a sobrevoar a região e vai descobrindo mais algumas pessoas que tenta "empurrar" para Calpe.
O resto, as estórias de amor surgidas entretanto, as viagens por uma Europa completamente deserta onde descobrem a pista para o que aconteceu numa coluna da praça do Vaticano fica para lerem o romance.
Os 10.000 escolhidos não sobreviveram apesar do amianto. E a humanidade recomeça a formar-se com gente de todas as cores (ou quase)... afinal na estória faltam asiáticos, chineses, índios, esquimós...
Um livro para ler. Que acabei numa altura tão feliz. Depois de ter visto Ingrid Bettancourt bem melhor do que imaginava... agora só falta mesmo resgatar todos os outros sequestrados pelas FARC. E não só.
Para os "habitués" deste espaço informo que estarei ausente uns dias. O Verão chegou e portanto a altura de me tornar errante... por aí, sempre perto do mar.
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