16 julho, 2008

Se é preciso corrijo.


Um dia destes dei comigo a pensar no facto de ser tão pouco sentimental. Bem não é isso que quero dizer. Como Fernando Pessoa eu também tenho muito sentimento, quero dizer emoções. A conclusão a que cheguei fazendo um balanço da minha vida amorosa foi que nunca me apaixonei por ninguém. A pessoa que mais me conheceu foi aquela que mais me amou. E o seu amor era tão grande que eu me apaixonei por esse amor. Aqui há uns tempos pensei que tinha finalmente sentido paixão por alguém mas enganei-me. Acho que não existe homem que faça com que me apaixone por si mesmo. Teria que ter tantas qualidades (ou defeitos que eu considero qualidades porque me são imprescindíveis), que esse homem ou não existe ou a existir é tão raro que dificilmente poderei cruzar-me com ele e reconhecê-lo.
Há por aí uma coisa qualquer que diz "o que gosto mais em ti é que gostas de mim". Será que é normal este meu comportamento? Será que há muita gente assim como eu? Gente que não é capaz de se apaixonar por alguém mesmo que esse alguém não lhe devote um sentimento assim tão forte?
Tenho pena de ser assim mas sou como sou e ninguém pode alterar isso. O que fez de mim o que sou? Se calhar algumas desilusões da adolescência. Pelo menos isso aprendi: fugir das desilusões a sete pés. Assim que me cheira a esturro ponho-me a milhas é o que é. E afinal aquilo que eu pensava que era paixão pelo trabalho, pelas coisas de que gosto de fazer, se calhar é apenas mais uma forma da minha teimosia.
Ah, se não fosse ter os meus amigos do peito o que me restaria para alem da família, que me dou ao trabalho de escolher pois então. É por isso que digo que quem como eu é capaz de escolher a família dificilmente deixará que lhe entre vida adentro quem não interessa. E se por acaso me engano, mais tarde corrijo...

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