26 julho, 2008

Saber brincar com a morte


Um Verão assim a meio tempo é como um Verão em part-time. É por isso que o Verão existe. Para ter dias que amanhecem assim nublados para que eu possa dormir tudo o que não dormia há muitos anos... que saudades eu tinha de dormir 10 horas de seguida. Por outro lado fico preocupada com este regresso ao passado. Tenho medo de estar doente sem saber, penso que se calhar era melhor dar ouvidos á pneumologista e consultar um médico de clínica geral, mas eu acredito tão pouco na medicina, eu acredito tão pouco no saber da medicina. Há muitos anos que aprecio os avanços na cirurgia mas no resto a minha fé perdeu-se completamente. Mandam-nos fazer exames, carradas de exames porque não sabem o que temos e depois há um ser iluminado que enquanto nos faz um exame se põe a fazer perguntas sobre todo o nosso historial médico. E quando lhes aparece pela frente uma pessoa que não sabe o que teve, nem o que tem, a bem dizer não está nada interessada em saber grande coisa, ficam amuados porque assim não podem fazer um bonito e mais verdadeiro relatório para que o colega leia e diga este tipo é mesmo bom!
Estou para aqui a dar corda aos dedos, ainda nem li o que ficou para trás mas sei que vai ficar como está. Ouvi a última aula gravada em vídeo por um professor de 47 anos com neoplasia do pâncreas. Uma daquelas que não perdoa. E contudo ele está bem disposto, apresenta a família e fala da mulher como se ela já estivesse viúva. Morreu ontem mais um homem que brincava com tudo. Até com a morte.

1 comentário:

Maria Eduarda disse...

Passei pelo teu blogue. Como passei porÉvora há dias. Como não foi possível deixar o meu comentário por lá, é só para saberes que respondi ao convite. Voltaremos a encontrar-nos por aqui.