14 julho, 2008

Durante a vida, viva.


Tenho 50 anos e gosto de os ter. Cheguei aqui e posso chegar mais longe. Gosto de olhar no espelho as marcas do tempo. Gosto de ver que estou bastante marcada. Quero acreditar que cada marca é um pedaço de vida que vivi. E acredito. E nem me passa pela cabeça acabar com essas marcas. Elas fazem parte de mim. Não estou a dizer que não me cuido. Cuido quanto baste. Limpo a pele, hidrato, etc., etc. Agora essas cirurgias que andam por aí a modificar bocas, narizes, pescoços, olhos... que deixam as mulheres sem alma... isso não. Cada dia há-de imprimir em mim a sua marca e quero morrer bem velhinha cheia de marcas mas sentindo-me como me sinto aos 50: como se não tivesse idade.
É verdade. Os sinais que o meu rosto e o meu corpo emitem para mim e para os outros não correspondem ao que vai dentro de mim. São marcas visíveis de horas de alegria e de aflição. Isso é viver e é isso que eu quero continuar a fazer. Quero continuar a trabalhar para poder dar valor às férias, ao tempo livre, quero continuar a ter a minha família ainda que ela esteja espalhada pelo mundo, os meus amigos também cada um em seu canto... mas que importa se no fim estão mesmo dentro do meu coração, dos meus pensamentos, das minhas recordações?
Quero ser quem sou. Ouvi por aí dizer que a vida começa aos 50. Não acho. A vida começa todos os dias desde que nascemos. É preciso vivê-la. Todos os dias. Aproveitando cada momento de felicidade e tranquilidade que ela nos dá e pensando que os desgostos, as perdas, o sofrimento ajudam-nos a ser cada vez mais fortes.
Como disse Terence Williams "durante a vida, viva."

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