23 junho, 2008

Às vezes quem avisa...


A quase indiferença da maioria dos países, sejam eles africanos, europeus, asiáticos ou americanos (deixo a Austrália de fora, vá lá) pelo que se passa no Zimbabwe é qualquer coisa de incompreensível. Perante um povo que sofre de todas as maldades capazes de uma ditadura, que padece de tudo e tem fome, o mundo limita-se a "dizer coisas". Mugabe é rei e senhor. Já aqui um dia expus a minha teoria sobre eleições democráticas na maioria dos países africanos (elas só são democráticas quando quem está no poder não concorre e o resto são tretas) e exibe o seu sorriso deslavado perante as televisões, vestindo fatos de bom corte, feitos certamente na Europa, enquanto o povo que se lhe opões é preso, torturado, morto ou foge do país em busca de uma salvação que a maior parte das vezes não existe... o mundo assiste, na prática, impávido e sereno, como se todo aquele cenário de fome e guerrilha civil fosse normal.
É verdade que o Zimbabwe já nada tem para dar. Um único homem conseguiu devastar anos a fio um país inteiro, subjugar um povo sem que ninguém se opusesse, excepto o Reino Unido, mas aí também existem outras razões que não as puramente humanitárias...
Sinto-me revoltada, enojada, triste e impotente perante esta situação. Insistir numa segunda volta das eleições só fará com certeza que muita gente que insiste em resistir seja presa torturada ou morta. Mugabe avisou. E neste caso, quem avisa, inimigo é.

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