13 maio, 2008

A doença do cagaço


Já o meu pai dizia que não há doença pior do que a doença do cagaço. E se sempre acreditei no que o meu pai dizia, agora tiro a prova real. Esta maleita pregou-me um belo cagaço e, ainda hoje ao telefone com o meu amigo Barrabas que teve a gentileza como sempre de me ligar a saber como eu estava, comentava ele que ficou muito preocupado e que só não tem ligado mais vezes porque sabe que eu me canso facilmente. Eu disse-lhe que desta vez, até eu me preocupei a sério e pensei duas vezes se não seria desta... parece que não é, mas a verdade é que já percebi que isto é um dia atrás do outro: ontem sentia-me melhor do que hoje e amanhã talvez me sinta melhor que hoje. Há que ter paciência, que é coisa que, felizmente ao longo dos anos tenho vindo a aprender: ter paciência, sobretudo com a vida...
Mas ainda dentro do tema das maleitas, o meu tio Miguel que já se foi há 27 anos, dizia que tinha treze doenças. O homem era um hipocondríaco que acabou por ser corrido de todos os consultórios da margem sul onde morava. Quando um dia, conversando com o meu pai lhe contou que tinha treze doenças o meu pai disse-lhe "ó homem! eu não sei como você se aguenta... eu só com uma já fico à rasca!". Coisas que o meu pai dizia espontaneamente e que punham toda a gente a rir à roda dele. Era esta sua faceta que fazia com que toda a gente gostasse dele. Para além da rectidão e honestidade que toda a vida o caracterizaram. Com ele aprendi que a coisa mais importante que há no mundo é deitar a cabeça na almofada e dormir, sem remorsos, nem culpas, nem medos de espécie alguma.
Um beijo, pai.

Sem comentários: