14 abril, 2008

Às mulheres africanas que gostam de o ser


A semana passada vi uma cena que me encheu de ternura e que não via há muitos, muitos anos, assim ao vivo e a cores. Uma mulher africana (provavelmente angolana) vestida à ocidental, aparentando mais de 30 anos, transportava às costas um bebé preso com um pano como se usa em Angola. Ou usava, já que nas imagens que costumo ver na televisão não é frequente ver este tipo de transporte de crianças...
Digo muitas vezes a quem não esteve em África que não me lembro de ver uma criança angolana chorar por birra. Só choravam por fome ou por dor. E sempre tive cá para mim que esse facto se deve ao facto de terem uma proximidade pele com pele durante tanto tempo com a mãe.
Parece que estou a ver a Domingas, lavadeira de uma das minhas vizinhas, no tanque a esfregar roupa, com o filho às costas e ela com um cigarro de liamba na boca.
São cenas que ficam para sempre.
Acontece que, por coincidência tenho andado a remexer em fotos antigas e encontrei algumas com mais de 50 anos (não era eu nascida, portanto) tiradas pelo meu pai em Angola. Numa dessas fotos aparece justamente uma mulher com o filho às costas.
É a foto que publico hoje e que dedico a toas as mulheres africanas que, apesar da "evolução ocidental", não abdicam dos bons hábitos culturais e da sua tradição.

2 comentários:

melodasmeias disse...

Linda a sua atitude, maternal, porque partida de uma mulher. Maravilhosamente postada a foto que entrega o afeto (pele a pele) diferenciado de outras culturas, às vezes taxadas de menores ou menos evoluídas... Linda!!! Transcendente !!! Ainda mais que me parece estar a dita mãe usando algo como que umas meias, que me deixa ainda mais apaixonado, pois, como descendente de indígenas do norte brasileiro, sou acostumado a presenciar o uso de somente meias como calçado, não só pelos indígenas como pelas populações caboclas ribeirinhas. Isto me encheu de saudades e de emoção. Parabéns pelo seu trabalho.

Maria Eduarda disse...

Muito obrigada pelo seu comentário. Quero só esclarecer que esta mulher é de uma tribo do sul de Angola (mhuíla) e o que ela traz nos pés são enfeites e não meias porque em todas aquelas tribos as pessoas andam mesmo descalças. A foto foi tirada pelo meu pai e tem certamente mais de 40 anos. Obrigada pelo seu olhar.